Falta ousadia no uso dos jogos para e-learning (EaD)

Tenho percebido que ainda há pouca ousadia no uso de jogos dentro dos cursos de e-learning (EaD). Quando uma empresa usa o termo ‘lúdico’, ou ‘jogos’, quase sempre está falando de personagens ou de atividades como caça palavras, combinar fileira um com fileira dois etc. É muito pouco diante do que um jogo pode fazer por seu curso e aprendizado.

Talvez seja a falta de conhecimento de como criar e usar jogos. Aliás, ‘criação’ passa meio longe aqui pois, o que se vê na maioria dos casos é apenas uma repetição de uso dos mesmos jogos clássicos. Se fossem bons jogos para aprendizagem, tudo bem, existiria uma justificativa para o seu uso repetitivo. Mas nem é o caso. Um jogo de caça palavras, por exemplo, mecanicamente é muito pobre e pouco ajuda na questão psicológica do aprendizado. Nem mesmo atrativo e interessante ele é para a maioria dos estudantes que fazem cursos de e-learning.





Falta ousadia, no sentido de ir contra as ‘regras’ atuais de mercado, que costuma pedir soluções mais pobres, porém mais rápidas de serem produzidas e mais baratas (um pouco disso aliás, já foi tratado em um outro post meu, veja aqui). Falta criar novos jogos. Para isso, é preciso estudar as mecânicas e estruturas dos jogos e conhecer também de pedagogia, de filosofia da educação, teoria do conhecimento, psicologia, psicopedagogia e principalmente, de como criar jogos integrando tudo isso. Você não precisa fazer uma faculdade sobre cada assunto, mas ter uma noção para poder usar este conhecimento na criação dos jogos. Não adianta apenas conhecer de pedagogia assim como não adianta apenas conhecer de jogos. Aliás, até mesmo quem apenas conhece de jogos, raras vezes estuda e conhece sobre mecânicas e estruturas de funcionamento dos jogos (não confundir aqui com teoria dos jogos, que é outro assunto).

Acredito que já passou da hora dos Desenhistas Instrucionais estudarem mais a respeito e ousarem mais em seus cursos, criando soluções realmente lúdicas, interessantes e eficientes com os jogos. Sim, um jogo não serve apenas para tornar mais divertido e interessante. A sua mecânica, quando bem elaborada, serve para trabalhar o conteúdo de forma muito melhor do que as soluções atuais do e-learning, com mais eficiência e eficácia no ensino-aprendizagem.

Ouse mais. Crie novos horizontes em seus cursos. “Chute o balde!”. O e-learning agradece. E os estudantes também. ;)




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8 respostas para Falta ousadia no uso dos jogos para e-learning (EaD)

  1. Marcos disse:

    Poxa fazia tempo que não postava eim rs

    Bem vindo novamente ae e gostei bastante da abordagem

  2. PeterMr disse:

    Obrigado Marcos! Realmente passei um tempo sem novidades no blog por causa de trabalhos para fazer. Volte sempre! Abraços!

  3. Rafael Heber disse:

    Concordo com sua visão… os jogos devem ser considerados mais que um mero brinquedo ou um pequeno coadjuvante para as atividades humanas. Para mim o jogo é sim uma forma de arte, pois acredito que ele pode ajudar a mudar o ser humano como indivíduo.
    Realmente, fiquei muito triste ao ver um artigo sobre o uso dos jogos para a educação, que toma como exemplos caça-palavras, forca etc.
    Isso é medíocre!!!
    Falta integração entre os conhecimentos… as pessoas ainda teimam em não se esforçarem em estudar para integrar todas as partes para criar um sistema harmônico e útil.
    Comecei agora o estudo(independente) de game-design, estou desenvolvendo um jogo de tabuleiro e me esforço em como desenvolver um jogo útil.
    O senhor poderia sugerir livros, artigos e qualquer outra forma de conhecimento para embasar neste esforço em colocar os jogos no seu devido lugar de destaque?

  4. Cleo disse:

    Você está certo, há muitos jogos educativos sem graça. B

  5. Dan disse:

    Muito bom o site. Estão de parabéns.

  6. Oda Dubão disse:

    Ótimo artigo! Vejo que os jogos de forma  geral são muitas vezes  desenhados por profissionais inexperientes, muitas vezes por um programador, ou um game artist. Nada contra, mas o que  eu quero dizer com isso é que faltam game designers competentes, e principalmente, criativos e inovadores. O Brasil está engatinhando nesta área, porém isso não justifica a “preguiça” ou falta de coragem para inovar e fazer algo realmente interessante.

  7. Oda Dubão disse:

    Rafael Heber, sei que este post é antigo, mas caso ainda esteja interessado procure ler uma coleção de livros que saiu em 2012 “Regras do Jogo: Fundamentos do Design de Jogos:” autores: Katie Salen Eric Zimmerman. Leia tambem: Homo Ludens, de Johan Huizinga http://jnsilva.ludicum.org/Huizinga_HomoLudens.pdf entre em contato comigo para podermos trocar algumas ideias sobre o assunto.

  8. Milton Diogo disse:

    Peter, excelente texto!

    Concordo que falta integrar mais o conteúdo ao game e fugir um pouco daqueles jogos, p.e., que basta calcular uma conta mentalmente e escrever no campo da tela para o personagem fazer alguma coisa.

    E faça um favor à humanidade, e volte a postar textos assim :)

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